No seu último ano de colégio, Katherine esteve com pessoas as quais não gostava. Sentia um vazio dentro de si, algo faltava. Ficava questionando se aquelas pessoas com quem andava a faziam feliz. Sabia que não elas não passavam de colegas ou passatempos. Além das aulas e períodos cansativos na escola, freqüentava um curso de pré-vestibular a noite com uma colega insuportável.
Ainda que tudo parecesse tão difícil e lhe causasse sofrimento, um anjo apareceu em sua vida no final daquele ano. Havia uma luz naquela escuridão interminável. Esse anjo lia todas suas reclamações atenciosamente e tentava ao máximo acalmá-la com suas palavras doces. Seu sentimento de carinho e afeto os tornaram cada vez mais amigos, mesmo que nunca tivessem se encontrado pessoalmente.
Queria um novo rumo na sua vida e assim o fez, quando recebeu o seu diploma. Teve um sentimento de grande alívio, pois estaria distante de seus colegas que tanto a atormentavam. Todo aquele período de sofrimento teria um fim, afinal seria hora de recomeçar uma nova etapa e esquecer o passado. Iniciaria novamente um curso de pré-vestibular em alguns meses.
Apesar da falta de apoio da família, com exceção de sua mãe, Katherine seguiu em frente. Seu desejo de ser nutricionista na universidade pública desde a oitava série veio à mente, mas era necessário recuperar o tempo perdido. Suas notas estavam baixas por todos aqueles conflitos internos existenciais no colégio.
Quando iniciou o novo pré-vestibular, estava entusiasmada e se empenhou muito. Assistia a todas as aulas, freqüentava monitorias, fazia os exercícios. Mas essa disposição foi desaparecendo, por mais que o anjo a incentivasse. Estava quase certa de que não estava preparada para o vestibular. A pressão dos pais, da sociedade, de si mesma e suas incertezas levaram-na ao fracasso. E mais uma vez teve que recomeçar o cursinho.
Mesmo que sua vida estivesse tão difícil e o anjo distante, Katherine jamais desistia do seu desejo. O anjo acabou se declarando e a pediu em namoro. Não haveria mais nada que pudessem separá-los. O amor entre eles era intenso e puro.
A aliança com o anjo, sua força de vontade e determinação fizeram-na persistir por um ano e meio de cursinho. Mas a melhora não foi significativa, pois algo ainda a incomodava. Não tinha amigos para apoiá-la durante o cursinho, isolava-se de todos. Até que conheceu duas pessoas que foram bastante simpáticas e ajudaram-na a ter uma boa melhora no vestibular. As conversas durante o intervalo das aulas, o afeto e a atenção foram de grande ajuda para que Katherine crescesse como pessoa e como estudante.
Cansada de freqüentar o mesmo curso, resolveu mudar para outro e acabou-se distanciando de seus “recém-amigos”. Uma nova jornada de cursinho iria recomeçar. Colegas, professores, ambiente e ensino novos, tudo parecia tão estranho. Mas foi se adaptando com o passar do tempo. Kat começou a selecionar as matérias de maior dificuldade do vestibular. Tinha aulas pela manhã, estudava a tarde e até umas oito horas da noite no cursinho. Estava determinada a passar, não agüentava mais fazer pré-vestibulares. Gostaria de ver seu nome dentro da universidade pública. Infelizmente, Kat não conseguiu conhecer novos amigos nesse ambiente. Seu foco era estudar. O esforço foi tanto que ficava doente frequentemente. A sala de estudos era desconfortável, empoeirada, quente e úmida, trazendo diversos problemas respiratórios. Quando Katherine passou do seu limite, desenvolveu quedas bruscas de pressão e glicose no sangue e anemia. Sentia-se fraca, mas procurou persistir até o final. Seus amigos de infância e das boas épocas do colégio preocupavam-se constantemente com a saúde de Katherine. Procuravam sempre ajudá-la na medida em que podiam. Chegando próximo ao vestibular, Katherine ainda se sentia insegura e mais uma vez acabou falhando.
Anunciaram que havia aberto um campus novo da universidade que desejava e logo se inscreveu, mas não dispunham do curso de Nutrição, apenas de Enfermagem. Kat pensou, refletiu bem e optou por Enfermagem. No dia do vestibular, estava calma, pois não era necessário ingressar naquele curso. Logo que terminou e corrigiu a prova, teve quase certeza de que não passaria neste também.
Os pais de Katherine ofereceram uma última chance matriculando-a em um outro cursinho. Caso não passasse, faria vestibulares para faculdades particulares. Kat ia às aulas deprimida, sem força ou empenho. Não prestava atenção nas aulas e quase não estudava, raramente permanecia no cursinho no período da tarde.
No dia em que Katherine voltou para casa depois das aulas e chorou em seu travesseiro, pois estava sem forças para continuar a lutar, eis que sua amiga a liga dizendo que passou em segunda chamada. Toda sua família caiu em prantos aquele dia e saíram para comemorar.
Kat estava ansiosa para o início das aulas no campus novo. Era uma universidade pública e finalmente poderia estudar matérias diferentes e aprofundadas. Sua alegria era indescritível. Tudo parecia maravilhoso, pois a área de saúde sempre foi seu foco. Contava entusiasmada aos seus pais e amigos o que aprendia nas aulas. Essa felicidade durou por dois semestres, até o dia em que escolheu entrar para uma representação acadêmica. Sabia que não estava no lugar certo, mas como era orgulhosa, não desistia de suas escolhas e fez o máximo para agradar e ajudar seus colegas. Talvez fosse um carma, nunca teve o reconhecimento que necessitava e ainda ocorreram muitos conflitos de idéias entre os representantes. Isso a fez desistir de todas suas metas da gestão e afastá-la deles. Kat pôde conhecer boas pessoas na faculdade depois que saiu da gestão. Decidiu empenhar-se ao máximo no semestre seguinte, obtendo notas muito boas. Entretanto, seu desentendimento com os colegas da representação acadêmica a deixava apreensiva e começou a desvirtuar-se e ter déficit de atenção nas aulas. Isso a consumiu tanto que seu cansaço e falta de energia foram maiores do que a força de vontade. No quarto semestre, Katherine entrou em colapso e afundou-se por completo. Suas notas caíram abruptamente, quase não estudava ou estava presente nas aulas. Sempre se encontrava distante e distraída. Além de ter que conviver com pessoas desagradáveis, estava frustrada com a técnica da Enfermagem, que não era uma boa reforçadora na sua vida. Trabalhar em plano secundário era constrangedor. Depois que terminou seu semestre com notas medianas, Katherine viajou e ficou com seu anjo. Recuperou muita energia, foi bastante incentivada e estava determinada a mudar seu futuro. Não queria ser uma profissional frustrada, fazendo algo que a deixava doente e não te dava prazer. Refletiu, refletiu e refletiu bem. Pensou novamente. E viu que seu sonho estava certo: queria Medicina. Não existe outra profissão melhor do que a de médico para Katherine. Kat, apesar de suas atitudes reservadas e tímidas, é muito dócil, altruísta e empática. Sua demonstração de afeto com os pacientes é única, escuta-os com muita atenção e carinho. Seu intuito é curá-los. Resta ainda alguma dúvida de que Katherine tem o dom para ser médica? Porém, nem tudo são flores. Será uma grande luta para conseguir entrar em Medicina.
O pai de Katherine é uma figura desagradável e avassaladora em sua vida. A mãe de Katherine também não é diferente, apesar de ter acreditado que sua filha seria capaz de ingressar em uma universidade pública. Katherine não precisa apenas de conhecimento e perseverança e sim de apoio, principalmente de pessoas que convivem o tempo inteiro com ela. Se Katherine estivesse morando com seu anjo, seria muito mais alegre e teria a força para vencer qualquer obstáculo, concretizaria seu sonho de ser médica.
Katherine sabe que se seguir seu sonho, será muito feliz no final. Mas se sente insegura e desmotivada, pois seu pai não acredita no seu potencial e determinação, fazendo-a derramar muitas lágrimas e ficar indisposta a realizar qualquer vontade ou desejo.
Kat chegou até aonde suportou, mas não irá desistir, seu anjo e amigos continuarão a dar força e fazê-la alcançar seu sonho...
Nenhum comentário:
Postar um comentário