terça-feira, 3 de maio de 2011

Usando café para matar larvas da Dengue (É verdade?)

A resposta é sim, mas como uma medida preventiva auxiliar ao combate do vetor da Dengue e em doses adequadas.

Já devem ter ouvido no conhecimento popular que borra de café pode ser utilizada para controlar a transmissão vetorial da Dengue. Minha professora sugeriu pesquisar sobre esse assunto, pois foi uma pergunta de quase todos os agentes comunitários de saúde presentes na "palestra" de ontem. Não é um conhecimento popular. Trata-se de uma linha de pesquisa realizada pela professora Hermione Elly Melara de Campos Bicudo, professora voluntária da UNESP (intitulada emérita desta mesma universidade). 

Em tese de mestrado da aluna Alessandra Theodoro Laranja orientada por esta professora (2001) intitulada "Efeito da cafeína no desenvolvimento, mortalidade, longevidade e padrão de esterases de Aedes Aegypti", verificou-se que no estádio larvário do Aedes aegypti (vetor da Dengue) a cafeína em concentração igual ou superior a 1000µg/mL pode ser um auxiliar no controle do A. aegypti e da a mesma forma, concentrações da borra do café, iguais ou superiores a 60 g / 200 mL (quatro colheres de sopa da borra do café para um copo de água, devendo a borra ser trocada a cada sete dias). Mas lembrando que a utilização da cafeína NÃO substitui outras formas de profilaxia (prevenção) da doença, são AUXILIARES no controle vetorial.

Há um artigo publicado das mesmas autoras na SciELO que trata sobre os efeitos do café e a borra de café nos estádios de ovo e L3 (larva de estádio 3) do A. aegypti nomeado "Effects of caffeine and used coffee grounds on biological features of Aedes aegypti (Diptera, Culicidae) and their possible use in alternative control". Caso se interessem, está disponibilizado em: http://www.scielo.br/pdf/gmb/v26n4/a04v26n4.pdf.

Atualmente, esta professora ainda permanece em projetos nesta linha de pesquisa de cafeína e controle vetorial da Dengue. Se há evidência científica e não sendo prejudicial ao ser humano em comparação aos organofosforados (inseticidas), sou bastante a favor do uso do café e borra de café nos locais de pouco acúmulo de água. É de baixo custo e acessível à população.

Agora, se o Ministério da Saúde não aceita este tipo de medida profilática, só tenho a lamentar. Prefiro utilizar borra de café do que um inseticida. Quem estudou Farmacologia sabe muito bem os efeitos dos organofosforados no nosso organismo. Posso adiantar que não são nada agradáveis e tendem a se intensificar com a elevação destes na concentração sangüínea.

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