sábado, 19 de fevereiro de 2011

Reflexos da infância e da adolescência...

Algo que venho observado é o modo como os jovens atuais da alta burguesia pensam e agem, isso também me inclui. Temos o chamado "berço de ouro", não passamos necessidades e os pais oferecem o melhor para o nosso crescimento, desenvolvimento e maturidade. 

Notei que muitos pais procuram satisfazer à maioria, se não todos, os desejos dos seus filhos. Porém, nem sempre é válido, pois influenciam o modo como estes irão comportar-se no futuro.

Um exemplo bem claro é o meu, desejava ter vestidos de princesa quando criança. A presença desses vestidos era constante nos meus sonhos. Como meus pais não me deram os vestidos, passei a procurar meios de obtê-los, tentava costurar vestidos em bonecas para imaginá-los no meu corpo. Este foi meu primeiro incentivo a costurar roupas.

Não tinha conhecimento da existência de moldes,  achava que a simples perfuração do pano com a agulha e linha levava a algum resultado. Esse desejo de ter roupas nobres perdurou até a época em que entrei na adolescência, mas tomou outro rumo. 

Enquanto adolescente, queria muito ter roupas de grife (Cavalera, Doc Dog, Colcci), economizava dinheiro e pedia para meus pais e familiares comprarem as roupas. O preço dessas grifes variava de 100 a 500 reais (não sei nos dias de hoje). Felizmente, não tiveram que despender uma grande quantia com meus desejos e logo chegando à idade adulta (18 anos), percebi que não precisava ter roupas caras e sim de qualidade. Além disso, descobri que podia fazer as roupas que gostaria e não gastaria muito dinheiro.

A idéia de costurar roupas partiu da Lígia que me ajudou a procurar um curso de corte e costura. Uma vontade imensa de confeccionar vestimentas ocupava minha mente com frequência. Assim, fui me motivando a desenhar roupas que gostaria e aos 21 anos, iniciei o curso. 

Hoje, gasto razoavelmente com tecidos, contudo tenho roupas de qualidade feitas pelo meu próprio esforço e dedicação. Acreditem que uma simples vontade de ter vestidos aristocráticos na infância, a qual não foi concretizada, despertou o interesse em procurar alternativas de obtê-las e acabou culminando em fazer roupas que desejo atualmente. Devo essa grande conquista aos meus pais e familiares, que de modo indireto, auxiliaram-me na realização deste sonho, sou muito grata a eles.

Infelizmente, a grande maioria da minha classe social não têm essa maturidade de refletir sobre suas atitudes. Um exemplo claro é quando um pai oferece um carro ao seu filho que acaba de completar 18 anos (algo bem comum na classe média e alta). Uma pessoa dessa idade acaba de sair da adolescência, quase não tem discernimento para pensar e agir e ainda está construindo os conhecimentos acerca de seus juízos de valores e o senso-comum, preparando-se para ser um adulto.

Agora pensem, se você possui todas suas despesas pagas pelo seu pai, gasta o que bem entender e ainda ganha um carro, iria preferir viver às custas dos pais ou trabalhar?

É isso que tenho observado em nós, jovens da classe média alta. Se temos tudo que queremos, por que necessitamos estudar tanto e trabalharmos? Chamo isso de aspiração para o nosso tempo de existência. Temos o privilégio de poder nos dedicar apenas aos estudos e devemos aproveitar essa oportunidade e criar nossas próprias pretensões na vida. 

Nenhum comentário: